O diario de Clotilde.

Tudo ia bem na pacata cidade Trepadeiras Alegres
Aquele era mais um dia quente de verão.
D. Clotilde era a dona de uma lanchonete muito frequentada por todas as mocinhas e mocinhos da cidade.
Aquele tinha sido um dia de muito movimento, e já se passava das 22h quando fechava a porta principal da lanchonete encerrando assim mais um dia de trabalho. Enquanto fechava a porta viu um carro parar em frente a lanchonete. A rua estava deserta e aquele carro, ela nunca tinha visto por ali... Sua curiosidade (bisbilhotice) foi tão intensa, que não fechou completamente a porta, ficou escondida por trás dela, a fim de ver quem desceria do carro. Esperou, esperou, esperou mas ninguém saltava. O carro parado e continuavam lá dentro... Aumentando assim sua curiosidade. E ela não arredava o pé...

O RELATO A SEGUIR FOI ENCONTRADO NO DIÁRIO DE D. CLOTILDE, DIAS APÓS ELA TER SIDO ENCONTRADA PELA AMIGA ALICE, MORTA DENTRO DO PRÓPRIO QUARTO, APÓS UM ATAQUE CARDÍACO FULMINANTE...

*Quinta-Feira, 16 de Agosto de 2007
Mas como o mundo está perdido!!!
Avistei um carro aqui na frente, fiquei a olhar, podia ser um ladrão, assassino, um louco-psicótico (nunca vi esse carro por essas bandas, é meu dever como cidadã zelar pela cidade).
Não era nada disso! Era muito pior!
Era uma mulher Loura no banco do motorista. Pude ver seus cabelos.
E uma morena no banco do carona. Ficaram conversando algum tempo. Riram muito.
Até começarem a... a... se alisar. Uma alisava o rosto da outra.
Santo Deus! Bebi dois copos d'água pra não passar mal...
E rezei três Ave Marias quando vi...eu vi... se beijaram... elas se beijaram... muito, muito...como aprenderam beijar daquele jeito?
Via as línguas se misturando, e abri um pouco mais a porta pra poder ter certeza, e não cometer injustiças.
Aquilo ali Deus castigaria com o Inferno e sem direito à escala no Purgatório.
Minutos depois de muita salivada tive que abrir um pouco mais a porta porque as duas

danadinhas pecadoras, foram pro banco de trás, sabe-se lá fazer o quê.

Eu não sabia... eu juro que não sabia que era daquele jeito.
E nunca vi tantas pernas e mãos, pareciam mais um polvo, mas um só mesmo porque depois que tiraram a roupa se misturaram de um jeito...
Nossaaaa! Quer dizer: que absurdo!
O vidro do carro começara a embaçar, sinal de que a coisa lá por dentro pegava fogo, ou seria o Inferno que as consumia já?
Não sei, mas também comecei a sentir uns calores e uma vontade imensa de chegar mais perto só pra ver o que acontecia ali dentro.
E assim eu fiz...
Imaginando em como seria dar aquela notícia à toda cidade, seria um Furo de reportagem para as Irmãs da Igreja: Lucia, Etelvina e Joana...
Sem omissões, e poderia contar tudo com riqueza de detalhes...
Abri a porta bem devagar pra não ser notada e saí. Fui bem abaixada e cheguei perto do carro, quase antrevada por conta das 63 primaveras que ja havia vivido, e como nunca tinha visto nada como aquilo, valia à pena. Levantei meu corpo um pouquinho para deixar que meus olhos alcançassem a janela do carro. Coloquei os óculos.
E elas estavam mesmo empolgadas, usam as mãos, a boca , os dedos, as pernas e gemiam, pelas bocas abertas dava pra saber que estavam gemendo, embora não fosse possivel escutar. A Loura estava sempre por cima da Morena.
Comecei então a sentir uns calafrios, rezei novamente, só podia ser tentação do Capeta. Os calafrios se transformaram em suor, tremedeira, calores...coisas que eu nunca tinha sentido. Quando percebi ja estava com minha mão ocupada por debaixo da saia, mas não era culpa minha, era o Capeta me atentando. Eu Juro! Eu não queria.
De repente, senti um estalo. Era a minha velha coluna. E dei um grito de dor...
Caí pra trás. Na queda bati minha perna no carro, o que fez com que as duas parassem a brincadeirinha e olhassem pelo vidro.
Foi aí que eu vi. Os seus rostos.
Com tanta dor ainda tive tempo de reconhecer a Morena numa exclamação quase que mórbida, Deus me perdoe:
- Irmã Etelvina!!!
Ambas se vestiram. Etelvina ficou dentro do carro e só a loura de olhos verdes, extremamente suada e com cheiro de b... aquele cheiro... veio me ajudar a levantar. Me levou pra dentro de casa e foi-se embora.
Irmã Etelvina... Como pode? Como?

*Sexta-Feira, 17 de Agosto de 2007
A loura sapatona passou na lanchonete pra saber como eu tava.
Vê se pode?
Mas ela até que não se parece com o Capeta.
Irmã Etelvina não pôs mais os pés nem aqui e nem na missa. Deve estar envergonhada, não é pra menos!
A loura, Alice, é a nova professora de matemática da cidade e me disse que é amiga de Etelvina há uns 5 anos. Amiga...Sei...
Mas me parece ser uma boa pessoa.
Até me convidou pra dar um passeio no carro dela.
Ora! Quanta getileza!
Mas sei o que ela quer... o que ela quer... hum...o que? o que?
Afasta-te de mim Satanás...
Se bem que só uma voltinha...


*Sabádo, 18 de Agosto de 2007
A Lésbica voltou aqui.
Veio, tomou um suco, mas não conversou comigo, só acenou de longe.
Então fui até a mesa dela dar um oi.
- Eu soube, D. Clotilde que por aqui tem umas cachoeiras maravilhosas.
- É sim Alice, se você quiser eu te levo lá (que mal faz ser gentil com uma pessoa tão agradável? Tão BOA!)
- Certo. Podemos marcar um dia então.
- Pode ser agora. Que o movimento aqui tá fraco.
(Um fogo me subiu pelas pernas! Era o Capeta, não era Eu... E lá estava eu dentro daquele carro rumo as cachoeiras) Ave-Maria...Ave-Maria...Ave-Maria...


NOTA¹: Esse post não tem como intuito denegrir a imagem das Igrejas, nem de seus seguidores. É apenas mais uma história que tem como objetivo principal arrancar uns risos dos que lerem e gostarem. Qualquer semelhança é mera coincidência. EU JURO!!!

NOTA²: Os termos usados para se referir às Lesbicas da história, são apenas transcrições do que se ouve e se fala por aí. Esse blog não admite e nem propaga NENHUM tipo de preconceito.

(Por: Livia Queiroz)